Nada sei...
O relógio na parede marca com soturnidade o tempo.
Vejo pela janela do meu quarto ele passar.
Fixo o olhar no horizonte, vago em pensamentos meus e no infinito do universo particular do meu eu perco-me.
Navego, vou de um porto a outro, tonta sem rumo.
Ora reflito, ora reflexo, mas sei que ainda nada sei na imensidão deste mar.
Quero desejo, planejo, sonho.
Deito-me na relva, corpo em alfa voa até as nuvens.
A música que sai das batidas do meu coração me faz dançar de olhos fechados. Ainda nada sei.
O vazio que o ontem deixou é o presente do futuro do amanha. Ainda nada sei.
O tempo caçador de mim laça-me, rodopia-me aos meus sonhos.
Agora me vejo diante do eu figura desfigurada perdida de mim.
Não vejo o passado. Não sinto o presente. Vago pelo futuro.
Olhos fechados, corpo amarelado, massa fria, prantos de choros. Nada sei.
Volto ao relógio, que desacelerado marca o tempo inútil, fortuito, passagem. Passo, vou, fui..
Grito peço ao tempo sagaz deixe-me em paz.
Ainda nada sei..